Autor

Jorge Faustino

Data: 06/09/2018

Pausa para reflexão

Depois de 4 jornadas de bom futebol que foi acontecendo dentro de campo e de muitos danos ao futebol que foram acontecendo fora, vem aí o primeiro fim de semana sem Liga. Estas pausas são excelentes oportunidades para os agentes do futebol refletirem sobre o que tem sido feito e, sobretudo, como abordar o que aí vem.

Os treinadores, após o fecho do mercado, seguramente que irão aproveitar para afinar estratégias e táticas com a segurança de que dificilmente acontecerão surpresas de verem jogadores seus serem transferidos.

Os jogadores, a grande maioria que não vai às seleções, irá continuar a trabalhar da mesma forma como até aqui. Terão, no entanto, a oportunidade, em consequência do trabalho que os treinadores vão fazer, de refletir sobre as suas prestações nas primeiras jornadas. O ideal seria que alguns deles, uma minoria felizmente, aproveitasse também para refletir sobre os seus comportamentos dentro do terreno de jogo. Ganhar não pode justificar tudo. Apenas em 4 jornadas já assistimos a entradas violentíssimas que podem acabar com a carreira de um colega de profissão e também já assistimos a comportamentos e linguagem para com árbitros e/ou adversários que em nada dignificam o desporto do qual são atores principais.

Os dirigentes, que tiveram de se envolver na “gestão desportiva” a que período de transferências obriga, poderão agora voltar a focar-se na gestão empresarial das suas SAD’s. E algumas delas precisam mesmo… Estes dirigentes, alguns deles, poderão ainda aproveitar para olhar para os campeonatos mais bem-sucedidos e perceber que é pelo discurso positivo, por oposição à descredibilização e suspeição que por cá sempre se promove, que a nossa liga e os seus clubes poderão crescer e valorizar-se.

Os departamentos de comunicação dos clubes (é estranho que eu tenha de abordar estes “personagens do nosso futebol” quando quero falar sobre uma reflexão às primeiras jornadas) podiam aproveitar para se relembrar do que é a função primária que um departamento de comunicação de uma qualquer entidade: Falar da sua organização! Promover a sua organização!

A arbitragem (conselho de arbitragem e árbitros) tem por hábito aproveitar estas paragens para fazer uma avaliação do que foram as prestações dos árbitros até ao momento. Seguramente que o irão fazer. Defendo que as avaliações públicas são importantes e interessantes. Percebo que, em virtude da forma toldada pela clubite aguda com que são olhadas por clubes e adeptos, não trazem por norma grandes benefícios. Percebendo e aceitando que não haja avaliação pública, fico na expectativa de que pudessem ser tornadas públicas as conclusões dessa avaliação. Não estando a ser uma época negativa em termos de arbitragens, nem tudo está bem. Haverão seguramente novas ou atualizadas indicações aos árbitros (funcionamento do VAR e gestão disciplinar dos jogos são os que a meu ver merecem maior reflexão). O futebol beneficiará de uma divulgação, ao jeito de declaração de intenções, do que se pretende que os árbitros façam daqui para a frente.

 

Artigo publicado na edição do jornal Record de 4Set2018