Escrevo estas palavras enquanto regresso do funeral de um dos nomes mais marcantes da arbitragem portuguesa: o Professor Jorge Pombo. Um homem nunca tendo sido árbitro dentro das quatro linhas, formou inúmeras gerações de árbitros, deixando uma marca incontornável no setor.
Terá sido ainda na década de 60 que iniciou a sua colaboração na formação de árbitros, e, ao longo de cinco décadas, foi um dos principais responsáveis técnicos da arbitragem nacional.
Tive o privilégio de, com ele, ter muitas discussões sobre leis de jogo e suas interpretações. No seu tempo, provavelmente ninguém se dedicava tanto a pensar e a refletir sobre arbitragem como ele. E, ainda assim, teve sempre a humildade – sempre também por um sorriso – de ouvir um miúdo a expor os seus argumentos.
Ao Professor, e acredito que falo em nome de todos os árbitros que com ele se cruzaram, agradeço tudo o que nos ensinou. À sua família, além de expressar os meus mais sinceros sentimentos, deixo um profundo agradecimento pelo tempo que abdicaram de estar com o seu marido, pai e avô, para que ele pudesse estar connosco, a formar melhores árbitros e melhores homens.
A arbitragem portuguesa perdeu um dos seus melhores.
Perante esta perda, as polémicas como as câmaras nos postes de iluminação (colocadas com o conhecimento dos clubes), as más intervenções do VAR (que até culminam numa boa decisão) ou outras questões técnicas, parecem perder a importância que tantas vezes lhes atribuímos. Mas, olhando para a classificação da I Liga e para a qualidade do futebol que temos visto, uma coisa é certa: agora é que vai começar o ruído…