Todos nós, nas nossas vidas pessoais e profissionais, já caímos no ridículo. Uns com mais estrondo que outros. Uns mais vezes que outros. São tendências…
No futebol, pelas paixões que envolve, pela exposição que tem e pela sua relevância económica, estas quedas são naturalmente mais visíveis e, não tão naturalmente, muitíssimo comuns.
Há árbitros que caem no ridículo com certas decisões. Há jogadores que caem no ridículo com certos falhanços ou tentativas de provocar erros (simulações). Há dirigentes a cair no ridículo quando se deixam enganar pagando milhões por jogadores que valem tostões. Estas situações não são, muitas vezes, controláveis pelos próprios e, por isso, temos de as encarar como parte natural do lado menos feliz do futebol.
Cair no ridículo porque se quer, porque se procura ou mesmo porque se acredita que é a melhor estratégia… só prejudica a imagem do futebol. O muito que foi dito sobre a arb
itragem do Benfica – Sporting deste fim-de-semana enquadra-se neste ridículo. Refiro-me a “muito” e não a “tudo” o que foi dito porque houve quem, efetivamente, criticasse com fundamento e sem empolar ou inventar.
Luís Godinho é um jovem árbitro. É internacional e isso qualifica-o como nomeável para um Benfica – Sporting. Foi o seu primeiro derby e saiu dele sem cometer nenhum erro com influência direta e óbvia no resultado. “Escapou” a este grande desafio sem ficar marcado com uma daquelas decisões de que se falam até final de época ou mesmo nos anos vindouros.
O Luís Godinho vai apitar muitos mais dérbis e clássicos do futebol português. Nem sempre vai ter a “sorte” de acertar todas as decisões de expulsão, validação de golos ou assinalar de pontapés de penáltis.
Mesmo tendo a sorte, que não controlou, de ser árbitro num momento em que existe o videoárbitro para tentar ajudar a evitar os “grandes erros” vai, muito provavelmente, nalgum momento da sua carreira, ficar com o “selo” de que uma arbitragem sua entregou o título a determinada equipa. O Benfica – Sporting deste fim de semana não foi seguramente esse jogo ou essa arbitragem.
É cair no ridículo quando se dedica tanta energia, à procura lances e lancezinhos, para criticar a arbitragem de Luís Godinho no dérbi.
É cair no ridículo quando se questiona a nomeação de um internacional, mesmo que jovem, para um Benfica – Sporting que acontece à 3ª jornada e que, para além de 3 pontos, apenas atribui o título de “Campeão da 2ª circular da 1ª volta”…
É cair no ridículo pensar que os adeptos do futebol vão acreditar sempre e para sempre no fogo de artifício que as comunicações oficiais e oficiosas dos clubes vão fazendo para distrair e justificar as suas falhas desportivas e de gestão.
Artigo publicado na edição do jornal Record de 28Ago2018