Autor

Jorge Faustino

Data: 13/04/2021

Assassinato de carácter

Um treinador, numa conferência de imprensa, teve a infeliz decisão de fazer declarações que, pelo tom e conteúdo, deixaram toda a margem para ser interpretadas como machismo no futebol. Foi, naturalmente e de imediato, atacado em várias frentes com especial foco nas redes sociais.

Consequência de tudo isto… uma criança, a sua filha, foi vítima de provocações verbais na escola e veio a chorar para casa.

Não podemos tolerar que um “momento do futebol” tome tais proporções na vida privada das pessoas. Todos aqueles que atacaram a honra e o bom nome do treinador José Faria, independente da infeliz escolha de palavras que possa ter tido, devem refletir sobre os ataques que lhe dirigiram e as consequências que isso trouxe para uma criança que nada tem a ver com esta “guerra”. Quero aqui deixar uma palavra de solidariedade para com o treinador José Faria e a situação familiar que viveu.

Infelizmente, na arbitragem, situações como esta (filhos de árbitros chegarem da escola a chorar) são recorrentes. Normalmente resultam de ataques que treinadores e outros agentes do futebol fazem aos árbitros no seguimento de erros destes em campo.

Vou acreditar que o José Faria, relembrando o que a sua filha passou, e o seu clube, recordando o que o seu profissional está a viver, nunca mais dirão uma palavra pública que possa contribuir para o assassinato de carácter de um árbitro.

Fonte: Record