"Claramente uma forma de protesto, um grito de revolta de João Ferreira, que foi secundarizado pelos seus pares. Normal que se esteja agastado por a classe estar permanentemente em cheque. Os árbitros sabem que erram, mas são também eles os primeiros a tentar melhorar o seu trabalho", disse Paulo Paraty.
O ex-árbitro, que se recorda de algumas situações parecidas quando ainda estava no ativo, revela que João Ferreira "não foi mais do que a face visível da arbitragem, tomando uma posição corajosa e de grande risco".
"Espero que a sua atitude traga consequências boas, não só para a arbitragem, mas sobretudo para o futebol. O rumo e o ritmo de contestação que este campeonato começava a levar é capaz de sofrer um recuo no curto prazo, vamos ver qual será o efeito", sublinhou.
Paulo Paraty teceu ainda algumas críticas à Liga Portuguesa de Futebol Profissional, dizendo que o organismo tem "mecanismos disciplinares" que, se fossem aplicados devidamente, "não se verificavam" estes episódios.
"Era importante saber se os órgãos disciplinares da Liga tudo fizeram e tudo têm feito em função do seu regulamento disciplinar para evitar estas situações", frisou Paulo Paraty.
Para o ex-árbitro, não está em causa o direito a opinião de cada um, mas este sublinha que há quem opine "com toda a correção sobre lances de que discordaram da equipa de arbitragem" e outros que "fazem juízos de valor que procuram sub-repticiamente exercer pressão" sobre aquilo que pode vir a ser o trabalho dos árbitros.
Paulo Paraty disse ainda que em recente Assembleia-Geral da Liga, e quando se falou da arbitragem, aquilo que os clubes apresentaram foi "muito superficial" e dizia respeito sobretudo à classificação dos árbitros, quando estes reclamam melhores condições de trabalho.
"Os meios com que avaliamos os árbitros não estão à sua disposição. Enquanto adeptos, não podemos esquecer que avaliamos um trabalho que muitas vezes pode ser deturpado pela televisão. Temos de perceber que um árbitro erra e vai continuar a errar, é uma verdade de La Palice", considerou.
O árbitro setubalense João Ferreira apresentou um pedido de escusa para dirigir o encontro Beira-Mar-Sporting de domingo, que terminou por ser arbitrado por um juiz de segunda categoria, Fernando Martins, de Aveiro, tendo terminado com uma igualdade 0-0.
Fonte: Record