Há oito anos escrevi um artigo que começava com uma dúvida: estávamos numa Twilight Zone ou numa Toilet Zone do futebol português? Oito anos depois, percebo que a pergunta continua atual — talvez até mais.
Continuamos a viver num universo paralelo, cheio de ficção, suspense e terror, onde a imaginação é, muitas vezes, ultrapassada pela realidade. Os clubes, alguns com megafones oficiais, outros com canais oficiosos e outros ainda através dos seus próprios meios dentro do estádio, continuam a promover violência contra os árbitros. Sim, violência. Porque ela não é apenas física. Todo o ambiente hostil promovido pelos clubes contra os árbitros é um ataque a pessoas, famílias e a uma classe inteira. Twilight Zone ou Toilet Zone?
A narrativa repete-se: os árbitros erram (verdade inegável e que não quero escamotear), mas por errarem “estão a pedi-las”. Como se o erro justificasse o insulto, o ódio ou o linchamento mediático. É o mesmo raciocínio distorcido que tenta culpar a vítima pelo crime. Twilight Zone ou Toilet Zone?
Os grandes clubes alimentam o papel de coitadinho, gritam conspirações, contabilizam erros contra si e a favor dos outros, contam cabeças nos órgãos dirigentes e acreditam que isso lhes trará benefícios ou campeonatos. Twilight Zone ou Toilet Zone?
O futebol português transformou-se num remake pobrezinho da série dos anos 60. A diferença é que, aqui, o guião é real e o enredo não tem piada nenhuma. Talvez ainda haja tempo para mudar de canal.
PS: A arbitragem tem de contribuir. Alguns dos erros são difíceis de perceber. Não se podem repetir.