Autor

Jorge Faustino

Data: 25/09/2019

O Coates não presta

Este título é enganador. Escrito apenas para chamar a atenção do leitor. Por isso peço, desde já, desculpa ao caro leitor e ao atleta em causa.

O Coates é muito bom jogador.

É, inquestionavelmente, um dos melhores centrais a jogar em Portugal. Está a ter uma época infeliz… Autogolos e penáltis têm prejudicado a sua equipa. Felizmente para ele, não é árbitro. Se o fosse estaria já “condenado” a uma descida de divisão que, provavelmente, seria o fim da sua carreira.

O Jonas foi considerado, em 2009, o pior avançado do mundo. Se fosse árbitro, ter-lhe-iam acabado aí a carreira. Depois dessa fase má, marcou mais de 250 golos.

Estes dois exemplos, entre tantos outros que poderíamos dar, fazem-nos ter consciência de que a qualidade não é estável, alguém pode ser bom e mesmo assim cometer erros graves e até de forma consecutiva. Fazem-nos também ter a noção do quão importante é ter uma estrutura que proteja e segure os atletas quando estes estão a passar uma fase menos boa.

É imperativo que com os árbitros aconteça o mesmo. Há bons árbitros que em momentos menos felizes das suas carreiras cometem erros. Erros difíceis de explicar e de aceitar. Não deixam de ser bons árbitros por isso. Têm de ser protegidos pela sua estrutura e o futebol tem de ser capaz de perceber que nem sempre os erros são sinónimo de incompetência inata.

Naturalmente que existem centrais, atacantes, treinadores e árbitros que chegam ao topo do nosso futebol sem terem qualidade para tal. Acontece. Saibamos dar uma oportunidade a todos os Coates e o tempo se encarregará de separar o trigo do joio.

Artigo de opinião publicado no jornal Record de 25 de setembro de 2019

Fonte: Record