Domingo jogou-se a final de uma das principais competições do futebol em Portugal, a Taça CTT (taça disputada entre os clubes das duas ligas profissionais). Para a história do futebol português ficará gravado o nome do Moreirense como a equipa vencedora da décima edição desta competição. Os outros clubes que têm este título no seu palmarés são Benfica, Braga e Vitória FC (Setúbal) – que ganhou a edição inaugural na época 2007/2008.
Para a história da arbitragem portuguesa é o nome do internacional Artur Soares Dias que ficará associado a esta final. Foi ele quem mereceu a confiança do Conselho de Arbitragem da FPF para dirigir este jogo decisivo. Foi ele, com a ajuda da sua equipa, que decidiu tecnicamente bem (disciplinarmente pecou por defeito) o lance que permitiu ao Moreirense dispor de um pontapé de penálti que veio a resultar no único e decisivo golo da partida.
Lamentavelmente e sem qualquer culpa deste, o nome de Artur Soares Dias também ficou associado a um episódio que em nada beneficia o esforço que tem vindo a ser feito para a humanização do árbitro e a abertura da classe à sociedade: pela primeira vez, desde que que esta competição existe, o árbitro nomeado para dirigir a final não participou na conferência de imprensa de lançamento do jogo.
Pedro Proença e Jorge Sousa, cada um deles por duas vezes, Lucílio Baptista, João Capela, Hugo Miguel, Carlos Xistra e Fábio Veríssimo foram os árbitros que dirigiram as finais anteriores e todos eles falaram à comunicação social na antevisão do jogo decisivo.
O Conselho de Arbitragem não autorizou, desta feita, a presença de Artur Soares Dias junto dos jornalistas e a razão terá sido proteger o árbitro tendo em conta o atual contexto de crispação e permanentes polémicas em torno da arbitragem. Inovou este CA ao decretar um “blackout” inédito? Ou terá apenas tido receio que Artur Soares Dias, um árbitro já com vasta experiência internacional e com formação superior na área de Recursos Humanos, não soubesse lidar com as questões dos jornalistas?… Seja qual for a resposta, não ficou bem ao Conselho de Arbitragem e a arbitragem também não em nada beneficiada.
Por oposição à visão do conselho presidido por José Fontelas Gomes, Pedro Proença, referência maior da nossa arbitragem, disse em declarações a um canal televisivo que os árbitros são pessoas com grandes capacidades e que a arbitragem tem a beneficiar quando estes aproveitam oportunidades como esta, da Taça da Liga, para falarem e darem a sua perspetiva. Pedro Proença é também, atualmente, presidente da Liga e, como organizador da competição, afirmou que irá sempre respeitar as decisões do CA. Provavelmente, em situações futuras, a Liga irá questionar de forma mais assertiva o CA se autoriza os árbitros a falarem aos jornalistas e, apenas depois, irá convocar os jornalistas para falarem com os árbitros.
Houve um tempo em que a gestão da arbitragem portuguesa foi dividida entre Federação e Liga. Foi uma medida necessária num determinado período (negro) da arbitragem em Portugal. Esse tempo, de gestão bicéfala da arbitragem portuguesa, durou mais do que o necessário porque alguns dirigentes se esqueceram que a Federação (nomeadamente o seu Conselho de Arbitragem) e a Liga são instituições maiores do que as pessoas que os representam. Não voltemos atrás. O futebol português precisa de uma arbitragem una.