Autor

Jorge Faustino

Data: 07/11/2017

Há os que erram e há os que pensam que acertam!

A futebol português não vive um momento feliz. Os muitos erros dos diversos agentes do futebol, nomeadamente os ligados à arbitragem, estão a estragar o negócio e a magia deste desporto-espetáculo.

Árbitros e árbitros assistentes têm tido erros importantes em muitos jogos. Erros que muitas vezes alteram aquilo que deveria ser a verdade do jogo. Só neste fim-de-semana, nos jogos dos ditos três grandes, tivemos golos mal invalidados, pontapés de penálti por sancionar e jogadores que erradamente terminaram o jogo em campo quando deveriam ter sido expulsos. Isto são erros graves que prejudicam o futebol.

Para além dos erros destes agentes da arbitragem temos deste a presente época, também, os “erros” do VAR. Os erros do VAR não se somam aos erros dos árbitros. São, no máximo, um corroborar do erro inicial do árbitro. Mas havendo VAR há mais um alvo para disparar quando é necessário apontar o dedo a um pretenso erro de arbitragem.

Depois temos os erros do Conselho de Arbitragem. Os mais visíveis e identificáveis prendem-se com alguns critérios pouco sensatos na gestão das nomeações. É compreensível a estranheza de um clube quando vê o mesmo árbitro nomeado para dirigir os seus jogos contra Porto, Sporting e Benfica. É também, no mínimo, ter pouco cuidado na protecção dos árbitros quando nomeia para VAR de um jogo de determinada equipa, um árbitro que na jornada anterior teve “problemas” com essa equipa (tenha sido como árbitro ou como VAR). O actual quadro de árbitros é curto para as necessidades de um campeonato que implica a nomeação de videoárbitro. O CA assumiu o risco de não aumentar já este ano o quadro por ainda ser um período de testes do VAR. Concordo com essa decisão. Exige-se, no entanto, que para o futebol profissional haja um cuidado, também ele profissional, na gestão das nomeações.

A APAF também já contribuiu com o seu “errozinho” na presente época. Talvez empurrada pela própria Federação e, seguramente, com o apoio e união dos árbitros, anunciou uma greve. Alegou que a principal razão para aquela tomada de posição estava relacionada com o clima que se vivia em torno dos árbitros. APAF e Liga reuniram, algumas promessas devem ter sido feitas, alguns acordos alcançados e, cancelou-se a greve. No momento em que escrevo este texto ainda não foi anunciada qualquer greve dos árbitros. Acredito que venha a sair comunicado nas próximas horas porque, o clima provocado pelos clubes em torno dos árbitros este fim-de-semana, foi tão ou mais grave que aquele que se vivia quando a APAF fez o “aviso de greve” …

Felizmente, nem todos erram. Há ainda quem consiga fazer algo de positivo pelo futebol português. Os clubes profissionais, em particular os mais profissionalizados, continuam a gerir, proteger e promover o nosso futebol.

Os dirigentes dos principais clubes e SADs continuam a saber gerir financeiramente as suas instituições. A maior parte dos clubes são empresas bem geridas, com resultados positivos, sem dívidas ao fisco e com passivos perfeitamente controlados e baixos…

Outros que não erram são os directores e gabinetes de comunicação dos clubes. Não erram, à partida, porque falam muito pouco da sua instituição. Estão mais focados nos outros. Situação perfeitamente normal e instituída no mercado. Quando uma empresa contrata um director de comunicação é, obviamente, para falar quase em exclusivo do que se passa na concorrência…

Para além de não errarem, estes protagonistas do futebol português têm outra qualidade fundamental: alertam os outros agentes desportivos dos erros que estes vão cometendo nas suas funções. É algo como que uma consultoria/avaliação externa focada na melhoria da estrutura e dos seus resultados. A estrutura que pretendem ajudar é a da arbitragem. Os resultados que querem melhorar, são os das suas equipas…

Fonte: Público