Em jornada recheada de situações interessantes para análise de arbitragem, deixo aqui alguns critérios que ajudam a compreender melhor certos lances e a formar uma opinião mais fundamentada.
Uma falta que corta uma clara oportunidade de golo (COG) é um dos momentos mais relevantes de um jogo, pois implica quase sempre a expulsão do infrator. A sua avaliação tem em conta a distância da baliza — quanto mais perto estiver o atacante, maior a probabilidade de marcar —, a direção da jogada, que deve seguir em direção à baliza adversária, a possibilidade real de controlar a bola e, por fim, o número e a posição dos defesas: se não houver outros jogadores, ou apenas o guarda-redes, entre o atacante e a baliza, considera-se que existe uma clara oportunidade de golo.
Já uma falta grosseira é outra situação que implica, neste caso sempre, a expulsão do infrator. A análise baseia-se na força e intensidade do contacto, sendo que o uso de força excessiva ou brutal que coloque em perigo a integridade física do adversário caracteriza este tipo de falta. Avaliam-se também a velocidade e o impulso da ação, o ponto de contacto e a parte do corpo utilizada, pois um pisão com os pitons sobre o pé, tornozelo ou perna (em particular quando todo o peso do corpo está apoiado na zona que acerta no adversário) é especialmente perigoso. Considera-se ainda se o jogador tinha possibilidade real de disputar a bola e as consequências da ação: lesão ou risco evidente de lesão agravam sempre a gravidade da infração.
Perceber estes critérios ajuda a discutir melhor as decisões dos árbitros e a compreender que, no futebol, a interpretação é muitas vezes tão importante quanto a regra.