Um dos árbitros assistentes do recente jogo entre Manchester City e Borussia Dortmund ficou nas bocas do Mundo por ter sido visto a pedir um autógrafo a Erling Haaland ainda no túnel de acesso aos balneários, após a partida, que até terminou com derrota da equipa alemã, onde joga o avançado norueguês. Houve muitas críticas e suspeições sobre o comportamento do romeno Octavian Sovre, que nem a explicação posterior ajudou a dissipar – o árbitro em causa é voluntário numa associação que ajuda crianças e adultos com autismo e estas recordações servem para fazer leilões com vista a angariar fundos.
Aquele não era, naturalmente, o local certo para pedir um autógrafo a jogadores, mas a má-fé com que o gesto foi interpretado revela bem a desconfiança com que se vive no futebol. É público que a mim aconteceu algo parecido – uma tentativa de fazer uma boa ação em prol de uma associação com fins solidários acabou por ser usada como arma de arremesso em guerras de comunicação dos clubes.
Estes exemplos confirmam todo o cuidado que os agentes de arbitragem devem ter nos seus comportamentos sociais, por muito bem-intencionados que sejam. Mas também confirmam que há algo de perturbador pela forma como se fazem julgamentos sumários publicamente, sem se sequer dar aos envolvidos o benefício da dúvida. No caso de Octavian Sovre, é óbvio que fez o bem, ainda que no local e no momento errados.