Autor

Duarte Gomes

Data: 26/04/2024

Artur Soares Dias no Euro 2024. O nosso orgulho nacional também deveria abranger isto

Artur Soares Dias foi um de 18 árbitros escolhidos para o Euro 2024. O nosso orgulho nacional também deveria abranger isto.

O Comité de Arbitragem da UEFA anunciou esta semana os árbitros, vídeo árbitros e árbitros assistentes selecionados para o próximo Campeonato da Europa, que decorrerá entre os meses de junho e julho, na Alemanha.

Os portugueses Artur Soares Dias (árbitro), Tiago Martins (vídeo árbitro), Paulo Soares e Pedro Ribeiro (árbitros assistentes) foram nomeados pelo organismo europeu, o que não deixa de ser excelentes notícias para a arbitragem e futebol portugueses.
Na última grande competição (Mundial do Catar, em 2022), o nosso país não teve nenhum representante, o que não deixou de merecer críticas internas pela alegada falta de qualidade dos nossos juízes.

É inegável que a ausência na prova foi dececionante e que, em primeira análise, significou que a FIFA não reconheceu nos portugueses teoricamente elegíveis o talento, competência e capacidade necessárias para estarem àquele nível.

A constatação mereceu seguramente reflexão do setor.

Mas também é verdade – e é justo sublinhá-lo – que o “sistema de quotas” historicamente utilizado para aquele efeito não premeia diretamente a meritocracia.

Como referido na altura, para Doha foram convocados determinado número de árbitros de diferentes continentes, de forma a garantir uma representatividade proporcional de todos face às seleções envolvidas. O critério é compreensível, mas afasta da prova aqueles que têm mais experiência e maturidade competitiva, dando lugar a outros, menos experimentados e preparados na alta roda.

Se bem se recordam, na altura foram indicados árbitros da China, Austrália, Emirados Árabes Unidos, Gâmbia, Argélia, Rwanda, Senegal, Guatemala, El Salvador e Honduras (entre outros), países com provas nacionais pouco relevantes e, nalguns casos, até amadoras.

De fora ficaram outros, habituados a jogos de altíssimo nível, quer nas ligas nacionais, quer nas provas internacionais.
É justo, injusto? É como é e tem sido sempre assim.

Desta vez, Portugal conseguiu colocar um português entre os dezoito árbitros principais, o que é um excelente indicador de confiança, até porque é na Europa que moram parte significativa das melhores seleções mundiais.

Parece-me importante saborear estes momentos, sem colocar sistematicamente em causa a competência e tantas vezes honestidade de quem é designado para estes grandes palcos.

O “orgulho nacional”, algo genuinamente nosso, não devia cingir-se apenas aos resultados das nossas equipas ou ao talento que os nossos jogadores e treinadores mostram além-fronteiras. Penso que seria importante termos também a elegância (e distância) de aplaudir a indicação de outros representantes nacionais, em provas de relevo internacional.

Os meus sinceros parabéns a todos os nomeados.

Estamos a torcer pelo vosso sucesso, porque em última instância, será também o sucesso de Portugal.

Fonte: Expresso