Autor

Jorge Faustino

Data: 28/11/2017

Arbitragem positiva. Presente e futuro.

A credibilidade do futebol tem vindo a ser posta em causa, por diversos agentes do nosso panorama futebolístico, já desde a pré-época. A semana passada não foi excepção. A novidade foi os árbitros terem participado na descredibilização da sua classe. E apenas me refiro a tudo o que se passou fora dos relvados.

Porque insistir em falar de coisas negativas ajuda a que estas tenham mais força, dedico a crónica desta semana a falar de coisas positivas do futebol português, em particular da nossa arbitragem de futebol de onze e da sua força e representatividade internacional.

Será durante o mês de Dezembro que saberemos quem são os árbitros que a Federação Portuguesa de Futebol irá indicar para internacionais.

Actualmente são 9 e espera-se que mantenhamos este número. Na presente época, estes, já dirigiram 7 jogos da Liga dos Campeões e 10 da Liga Europa. Poucos países europeus veem a sua arbitragem ter tanta representatividade nas competições da UEFA. Só na última jornada da Champions, provavelmente a mais decisiva da fase de grupos, tivemos Artur Soares Dias e Jorge Sousa em acção.

Também a nível de jogos de selecções, os nossos árbitros têm sido chamados para importantes jogos e competições. Artur Soares Dias esteve no mundial de Sub-17 na Índia e vai estar como videoárbitro no Mundial de Clubes que se realiza em Dezembro nos Emirados Árabes Unidos.

É verdade que não vamos ter nenhum árbitro no próximo Mundial. Também não tivemos no Europeu do ano passado. A arbitragem portuguesa falha assim duas grandes competições seguidas. Depois de anos a termos os nossos árbitros a dirigir, com grande sucesso, fases finais destas competições, aconteceu o que por vezes acontece a muitas grandes “equipas”: adormecemos um pouco à sombra do sucesso e não nos preparámos para nos mantermos no topo. Vamos seguramente recuperar e já no próximo Europeu voltaremos a ter um português a brilhar no apito. No Europeu 2016 e no Mundial 2018 “deixamos” que seja a selecção a brilhar!

Falando de futuro é importante saber que para além de Jorge Sousa e especialmente Artur Soares Dias, que ainda tem pelo menos 7 anos de carreira internacional, temos já outros árbitros que, sendo jovens internacionais, já começam a ter reconhecimento na UEFA. Fábio Verissímo, Tiago Martins, João Pinheiro e até Luís Godinho, o mais recente internacional, têm merecido a confiança da UEFA para dirigir algumas partidas e torneios internacionais. O caminho faz-se caminhando e estes jovens, uns mais do que outros, têm ainda todos possibilidade de chegar às grandes competições.

Hugo Miguel, Carlos Xistra e João Capela são os nossos internacionais que, devido à idade que têm e à categoria UEFA que ocupam, estão afastados de poder chegar às fases finais de Europeus ou Mundiais. Nem todos podem chegar às grandes competições. São também poucos os que se podem orgulhar de ter atingido o patamar de árbitro internacional e estes podem orgulhar-se do que atingiram na sua carreira.

Há pelo menos um destes árbitros que, já em anos anteriores, colocou ao dispor do Conselho de Arbitragem da FPF o seu lugar de internacional para que seja indicado um árbitro mais jovem e com possibilidades de progressão na carreira internacional. É preciso ter-se muito amor à causa para se abdicar de um bem próprio em favor do bem geral da arbitragem. Um dia escreverei spbre este “caso”. Quanto ao resto, em Dezembro teremos novidades sobre o futuro da nossa arbitragem internacional.

Fonte: Público