A origem do erro

Quem trabalha na arbitragem, ou se preocupa verdadeiramente com a sua evolução, sabe que cada decisão deve ser analisada para lá do simples “certo ou errado”. Quando um árbitro falha, importa perceber a causa do erro — e esquecer teorias de conspiração. Uma observação incorreta de uma jogada ou uma interpretação errada são causas diferentes do erro e, por isso, devem ser tratadas de forma distinta se o objetivo for evitar que se repitam.

Esta jornada houve dois erros com impacto nos respetivos jogos, que ajudam a ilustrar bem a diferente origem dos erros em arbitragem.

No Santa Clara–Sporting, Quenda falhou o cruzamento e a bola saiu diretamente pela linha de baliza. O árbitro e o assistente, responsáveis por observar o lance, não o conseguiram fazer, ou foram iludidos, e assinalaram canto. Foi um erro de observação, que pode ser evitado com melhor posicionamento, foco na zona da bola e definição mais clara de tarefas dentro da equipa de arbitragem.

No Benfica–Casa Pia, o árbitro parece ter visto o que realmente aconteceu (o seguramente viu VAR): a bola bateu na barriga de António Silva e daí para o braço. Foi assinalado penálti, quando está claramente definido que estas situações não são infração, exceto se a bola seguir para a baliza e o braço estiver em posição de evidente volumetria não natural. Aqui o erro foi de interpretação dos critério e princípios aplicáveis, sendo por isso mais grave e exigindo reforço formativo.

Independentemente das causas, nenhum árbitro quer errar. O que importa é analisar, aprender e evoluir. O futebol também é isto, certo?