Autor

Jorge Faustino

Data: 28/02/2017

A contabilidade dos erros de arbitragem

O pontapé de penálti não assinalado por falta sobre Perdigão, as não expulsões de Fábio Martins, Talocha e Anderson Carvalho por faltas grosseiras sobre adversários, a falta que Massaia sofreu e o lance do pontapé de penálti de Diakité são as decisões que identifico como os principais erros das equipas de arbitragem nos jogos dos três primeiros classificados da Liga NOS.

Talvez boa parte dos adeptos de futebol, que desde sexta-feira começaram a ver e rever os lances que acima descrevo, não tenham identificado, numa primeira leitura, a que situações de jogo me estava a referir. Vou, por isso, reescrever:

O pontapé de penálti que ficou por assinalar por agarrão de Eliseu ao seu adversário, os vermelhos que ficaram por mostrar nas faltas grosseiras e violentas que Samaris, Corona e Alex Telles sofreram, o empurrão de Mitroglou antes de obter golo e o fora-de-jogo de Bast Dost que antecede o pontapé de penálti são os lances que identifico como os principais erros das equipas de arbitragem nos jogos dos três primeiros classificados da Liga NOS.

Ao colocar os nomes dos jogadores do Benfica, Porto e Sporting terá sido mais fácil identificar a que lances me referia. É natural que assim seja. Mas é também natural e importante que, de quando em vez, recordemos que existem outras equipas. Chaves, Boavista e Estoril também estiveram nestes jogos. Também foram prejudicadas e beneficiadas pelas decisões dos árbitros. Mas isso pouco interessa…

O que interessa são os três “grandes”. Aqueles que através dos seus directores de comunicação, de blogs mais ou menos oficiais e dos seus comentadores nos diversos meios reclamam e fazem barulho. Este fim-de-semana reclamam, para além dos lances que descrevi, por outras eventuais falhas dos árbitros. Algumas dessas situações de jogo não são claras e por isso se compreende que haja opiniões tão diferentes. Outras são jogadas mais óbvias, em que as imagens televisivas são esclarecedoras, e que não deveriam suscitar tanta discussão.

Mas isso pouco importa. Ter razão pouco importa. Vivemos um momento em que fazer barulho é que interessa. Ir somando lances na contabilidade do que “o meu clube foi prejudicado e o teu beneficiado” é o que interessa.

Assim, nesta jornada, o empurrão de Mitroglou e o agarrão de Eliseu vão figurar nas folhas de cálculo do Porto e Sporting na coluna do “eles foram beneficiados”. Nos registos do Benfica não entram.
As três faltas grosseiras que mencionei, duas de jogadores do Boavista e uma de um jogador do Chaves, entram na coluna do “nós fomos prejudicados” do Benfica e Porto. O fora-de-jogo de Bast Dost, e porque o Sporting está aparentemente fora da corrida pelo título, já não merece que Benfica e Porto percam tempo a registar nos seus mapas contabilísticos.

Curioso é o facto de, talvez por erro na fórmula da soma ou por conterem células bloqueadas, nenhum dos clubes ter trazido ainda a público os resultados da listagem do “fomos beneficiados”…

Fonte: Público