O respeito que se deve ter pela equipa de arbitragem por parte de todos os
intervenientes, desde jogadores a treinadores passando também pelos dirigentes
tem sido um dos temas mais discutidos nos últimos anos nos seminários e
formações da UEFA. É uma das principais preocupações no futebol actual. A
imagem do árbitro e o que dela transparece continua a ser um ponto a
capitalizar e a melhorar a curto prazo.
Um árbitro deve tentar perceber como é visto, qual o feedback que pode
transparecer, (positivo, negativo ou completamente neutro), que imagem tem os
outros de si para estar preparado. Talvez possamos concluir que no início do
jogo tudo esteja bem, não havendo antecedentes marcantes no passado há harmonia
entre todos. Quando é que esta acaba? Quando uma equipa se sente prejudicada
numa decisão capital! Tudo o que ia bem acaba logo virando um problema.
Também a relação dos adeptos do futebol connosco não é pacífica, criticar
um árbitro é um acto banal.
E como é que nós conseguimos explicar às pessoas que temos a certeza que
vamos errar, que é inevitável, como transmitir essa mensagem? Quem compreende?
Como é que as pessoas podem perceber os nossos erros sem perder o respeito por
nós. Nada fácil.
Ninguém aceita ser prejudicado e quando tal acontece mais do que uma vez, é
considerada uma perseguição sistemática ao clube e a comunicação social é usada
a preceito para cada um se valer das suas razões colocando logo pressão nos
próximos jogos como que dando o alerta de que para com eles estão em dívida.
Aos árbitros exige-se imparcialidade, idoneidade, justiça, competência e
qualidade e não que nunca errem e que acertem sempre nas suas decisões.
Humanamente é pouco exequível.
O Futebol não foi inventado pelos árbitros nem para os árbitros, mas não se
concebe a sua existência sem a presença destes, isto porque o ser humano não se
auto-disciplina quando confrontado com a paixão e com a vontade e a ânsia de
vencer. Não existindo um cenário perfeito tem que existir compreensão. O
aparecimento do árbitro no jogo foi natural e necessário.
Ganhar ou perder. Ter sucesso ou insucesso. Ser bem ou mal sucedido. Tudo
na vida pode ter uma barreira muito linear.
Numa competição o papel do árbitro é, ou deverá sempre ser, secundário. O
centro das atenções é o jogador, o artista do espectáculo. Menosprezem no
sentido positivo a presença do homem do apito.
É importante uma reeducação das pessoas na sua relação com os árbitros, que
muito têm mudado a sua postura e conduta nas últimas décadas. Quer-se mais e
melhor. Têm existido mudanças, embora pouco reconhecidas.
Quem perder um jogo, que não se perca também no jogo do respeito!
Dinis Gorjão