Ao entrar no solo sagrado, o árbitro
percebe o tanto que é admirado. Uma admiração não agradável, uma
admiração vinda da desconfiança, por considerá-lo inimigo da sua paixão,
inimigo do seu time de coração.
Na verdade todos aqueles que
estão fora do universo da arbitragem de futebol não tem consciência do
que falam sobre os árbitros, críticas sem fundamentos, destrutivas e
malignas, pois estes não possuem o espírito do jogo e sim o espírito da
paixão, e paixão não combina com a razão.
Todavia este outro universo de
pessoas não podem imaginar as dificuldades que um árbitro de futebol tem
para desenvolver sua função. Estas dificuldades tem início ao
comparamos o tanto que ele deve correr atrás da bola, porém não pode
toca-la, num espaço que varia de 90 a 120 metros de comprimento por 45 a
90 metros de largura, devendo estar sempre bem próximo do lance, sem
interrupção em sua corrida, sem descanso, podendo ao final do jogo ter
percorrido mais de 14 quilômetros.
Uma outra dificuldade que o
árbitro encontra principalmente dentro do campo de jogo é a falta do
conhecimento das Regras por parte jogadores e treinadores, isso é uma
pedra no caminho do bom andamento da partida, pois uma simples marcação
de falta é motivo para divergência entre o árbitro e jogadores, e estes
sempre querem ter razão ao ponto que quando entrevistados não medem
palavras para falar mal da arbitragem.
O árbitro vive constantemente
vigiado pelos olhos frios das câmeras de televisão. Sobre os olhares de
desprezos dos torcedores. Dos olhares dos jogadores e treinadores que
sempre o focam como inimigo. Da falta de tolerância e de compreensão
quando um erro é cometido, erro este humano. Até mesmo quando do acerto
passa não ser acerto, pois todos o julgam pelo coração e não pela razão,
ou simplesmente no caso da imprensa para obter mais IBOPE.
O árbitro passa toda a sua
carreira carregando a imagem de “ladrão”, inimigo da paixão do torcedor,
não importa onde vai apitar, ao entrar em campo será logo ovacionado
com este “título” e esta dificuldade ele deve tirar de letra, pois ele
sabe que seu conhecimento das Regras o transforma em pessoa
diferenciada, o transforma em árbitro de futebol.
Por Valter Ferreira Mariano