Castigo para ex-presidente do AEK que agrediu assistente de Soares Dias nos testículos

Dimitris Melissanidis, que liderava o AEK, próximo adversário do Sporting de Braga na Liga Europa, levou oito meses de suspensão, por ter apertado os genitais do fiscal de linha português Rui Licínio, num jogo da Taça da Grécia disputado em março deste ano.

A equipa de arbitragem portuguesa, que a 4 de março foi expressamente à Grécia para dirigir o jogo das meias-finais da Taça helénica, entre o AEK e o Aris de Salónica, começou a sentir problemas quando, perto do intervalo, Artur Soares Dias assinalou uma grande penalidade para o Aris de Salónica, convertida pelo português Bruno Gama, que na altura empatou o jogo a um golo, sendo que a equipa de Atenas acabaria por vencer por 3-2. A decisão não agradou aos adeptos (estávamos em tempos anteriores à pandemia…) e aos dirigentes do AEK. Alguns foram até ao túnel de acesso aos balneários, para mostrar o descontentamento.

Dimitris Melissanidis, então presidente do AEK, foi mais longe nos protestos, conforme relatou Simeon Tzolakidis, delegado ao jogo. “Segundo fui informado pelos árbitros, um dos homens aproximou-se do primeiro árbitro assistente que estava à frente, dizendo ‘eu sou o chefe’, agarrou-o pelos órgãos genitais e pressionou-os”, escreveu Simeon Tzolakidis no relatório sobre a partida, documento que enviou à federação grega.

Já Soares Dias relatou que “quando os árbitros se encontravam no túnel de acesso aos balneários três a quatro adeptos da equipa da casa, sem acreditações ou com direito de estar naquela zona, tentaram atacar os árbitros, gritando ‘porquê penálti?’, ‘não houve penálti’, vão-se f… todos'”.

O observador, que estava alguns metros atrás do local dos incidentes, escreveu que com a intervenção dos responsáveis do AEK e a polícia, Artur Soares Dias e respetivos auxiliares foram levados para os balneários.

O encontro foi reatado com 25 minutos de atraso, só depois de a polícia e elementos da organização do jogo, terem garantido que estavam reunidas as condições para se jogar a segunda parte.

A fatura dos incidentes chegaria em abril ao clube que esta quinta-feira defronta o Braga para a Liga Europa: a federação grega puniu o emblema de Atenas com dois jogos a porta fechada e uma multa de 68 mil euros. Já o presidente, Dimitris Melissanidis foi multado em 20 mil euros e ficou proibido de entrar em estádios de futebol durante oito meses, sanção entretanto concluída.

O homem que agrediu os testículos do assistente Rui Licínio foi temporariamente afastado do cargo no AEK e substituído por Evangelos Aslanidis, estando agora em aberto a hipótese de voltar ao ativo.

Magnata da indústria do petróleo, Melissanidis, de 69 anos, é um dos empresários de maior sucesso na Grécia, mas acumula problemas de vária índole. Nos anos de 1980, antes de assumir funções no AEK, teve duas condenações por suborno, nos campeonatos amadores. Em 2013, já como presidente daquele clube, com a troika a apertar as contas gregas, candidatou-se à privatização de uma empresa do Estado de apostas de jogos, ganhou a concessão e depois arranjou um patrocínio milionário para financiar o AEK, por valores bem superiores ao dos rivais Olympiacos e o Panathinaikos, outros clubes de Atenas.

Esta quinta-feira (17.55 horas, SportTV1), as contas serão outras, com o Braga, em caso de vitória, a garantir a qualificação para os 16 avos de final da Liga Europa. O árbitro será o búlgaro Georgi Kabakov, que certamente estará à espera de passar por menos apertos do que Soares Dias e companhia…

Fonte: JN