Árbitros jovens em busca do sonho da arbitragem





A fiscalidade que recai sobre os jovens árbitros é o principal entrave ao aparecimento de mais valores na arbitragem portuguesa.
A paixão e a ambição são os únicos motivos que fazem os árbitros jovens de futebol ultrapassar o “drama” da fiscalidade, que lhes retira qualquer prestação social, para apitar e ser remunerado pelos jogos que dirigem. 
“É um pouco triste e desmotiva, porque estamos a trabalhar e não conseguimos receber. É o mesmo que qualquer outra pessoa que trabalhe e, no fim do mês, não recebe o seu salário. Mas, vamos lutar pelos nossos direitos”, reivindicou Bárbara Domingues. 
A árbitra jovem de Viana do Castelo, de 18 anos, é uma das 10 representantes do sexo feminino no nono Encontro Nacional do Árbitro Jovem, que decorre, este fim-de-semana, em Rio Maior. 
Mesmo estando em minoria, perante os 47 rapazes, as árbitras debatem-se com as mesmas dificuldades, com a fiscalidade à cabeça, segundo o presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF). 
“Não está totalmente contabilizado, mas há, em Portugal, cerca de 200 árbitros jovens, só que podia haver muito mais, não fosse a obrigatoriedade dos jovens se colectarem e passarem recibos verdes. E o pior nem é isso, é que ficam sem direito a qualquer prestação social, seja uma bolsa de estudo ou o abono de família”, explicou Luís Guilherme. 
Um árbitro jovem, que terá entre 14 e 18 anos, já dirige encontros, como é o caso de Bárbara Domingues, que, com dois anos e meio de experiência, acumula a experiência de “cerca de 200 jogos” integrado numa equipa de arbitragem, que ajuíza “três a cinco por fim de semana”, mas acaba por ser uma excepção. 
“O problema é que mais de metade dos jovens que tiram o curso de árbitro não estão a exercer. Ainda apitam alguns jogos, mas assim que as associações distritais lhes exigem um recibo abandonam”, frisou Luís Guilherme, acrescentando que espera ver esta questão resolvida em breve. 
O presidente da Comissão de Arbitragem da Liga de futebol profissional, Vítor Pereira, partilha desta confiança: “Tudo indica que essa questão irá ser resolvida em breve e será um contributo importante para estes jovens se dedicarem com mais intensidade a esta actividade”. 
“Quando queremos muito uma coisa, temos de ultrapassar tudo”, sublinhou Rodrigo Pereira, de 16 anos, árbitro jovem de Angra do Heroísmo há um ano, apesar do rendimento máximo possível por um jogo nos distritais ser de 125 euros, um valor a repartir pela equipa de arbitragem.



Fonte: Sapo