Por sua vez, a
característica do árbitro perfeccionista é estar permanentemente com o apito na
boca, marcando de imediato, todas as infrações que ocorrem. Este tipo de
comportamento interrompe a fluidez do jogo e expõe o árbitro a uma posição
antipática diante dos atletas, subtrai a continuidade da partida, impede a lei
da vantagem, convertendo o árbitro no “jogador mais importante do prélio”.
Traduzindo: o árbitro passa a ser o espetáculo, e não o jogo em
si.
Resumindo, podemos estabelecer que um bom árbitro vai
depender não só das qualidades natas do indivíduo para essa função, como também
de um correto processo de ensino-aprendizagem, oferecido nos cursos de formação,
que propiciem mostrar pautas de equilíbrio entre: flexibilidade/personalidade;
permitir/punir; e/deve ser; objetividade/subjetividade.
Dietrich Spate define a tarefa do árbitro com enorme
precisão ao esquematizar sua sua função como um trabalho permanente de
comparação entre dois polos distintos, a saber:
deve ser: imposto pelas regras do
jogo;
é/foi: determinado pela ação ocorrida
Entretanto, técnico e atletas tem como ideia e função
ganhar o jogo, valendo-se para isto de recursos técnicos, táticos, estratégicos,
psicológicos e, às vezes, outros nem sempre éticos e legais. Essa diferença de
interesses e funções é que pode proporcionar uma situação de conflito.
Graficamente, podemos expressá-la dessa forma:
Objetivos do treinamento
O
conhecimento das regras do jogo, na sua totalidade, e a experiência de ter sido
atleta não são requisitos indispensáveis para ser um bom árbitro. Dentro do
processo formativo do mesmo, devem figurar aspectos que lhe facilitem a
resolução dos problemas já citados.
A
introdução de conhecimentos específicos da psicologia do esporte, em especial
aqueles referentes ao estudo sistemático da observação, antecipação e preparação
das situações de jogo, colabora significativamente para a organização do
processo de formação.
É
importante capacitar e instruir os árbitros em aspectos técnicos e táticos do
esporte em questão para que possam antecipar-se mentalmente ao desenvolvimento
das situações de jogo.
Na
medida em que se prepara uma pessoa para antecipar-se a um problema, ela está
sendo treinada para solucioná-lo. Reconhecendo de maneira antecipada as
situações que geram conflitos é que um árbitro pode antecipar-se a eles e
controlá-los. Isto implica na formação da Personalidade do Árbitrocomo
item básico dentro do processo ensino-aprendizagem. Resumindo, podemos dizer que
os seguintes conteúdos devem ser incluídos nos programas de formação de
árbitros:
formar a personalidade do árbitro; educar sua capacidade
de observação (psicologia da conduta); capacitá-lo para se abster ao meio
ambiente diante das tomadas de decisões, quer dizer, educá-lo para não se deixar
submeter a pressões; esclarecer ao máximo suas funções e os alcances das mesmas;
educá-lo para que compreenda o valor dos gestos específicos; educá-lo para
diminuir seu “sentido de culpa”, quer dizer, educá-lo para que não tome decisões
que não compensem o possível erro anterior; conscientizá-lo de que as críticas
são feitas geralmente à sua função e não à sua pessoa (importantíssimo para
evitar as pressões psicológicas) e controle diante do comportamento agressivo
dos atletas. (autocontrole).
