
«Prefiro a liga
inglesa, ali os jogos duram noventa minutos. Em Itália e Espanha há um pré-jogo
e um pós-jogo», diz José Mourinho. Também em Portugal assim o é, a nossa
cultura tão latina dá-nos esses predicados.
Qual a duração de um
jogo de futebol? Não é uma pergunta com uma pergunta tão linear quanto possa
parecer.
Há jogos de 90 minutos
sem história, outros com histórias, existem outros que duram toda a semana (a
anterior e a posterior!) e há até jogos que se perpetuam por toda uma vida!
Quando Mourinho
compara o modo de estar britânico com o nosso põe a nú essas diferenças
ideológicas entre as culturas. Talvez o futebol tenha tido o seu início ou
desenvolvimento fulguroso no Reino Unido, no entanto é por cá que é vivido com
mais garra, outro calor.
Em Portugal existem 3
jornais desportivos diários, em Espanha e Itália outros tantos. Em Inglaterra o
jornal generalista "tablóide" disponibiliza 4 páginas de resumo do
desporto.
Por cá todos avaliam
os árbitros, há especialistas em todas as rádios, jornais, portais de futebol,
todo o mundo é entendido na matéria. Qualquer lance é esmiuçado, repetido e
visionado vezes sem conta. A actuação do árbitro está sempre em foco e sempre
são encontrados erros, naturalmente. É um combate terrível entre o árbitro e os
lances vistos pela TV.
Talvez um dia as novas
tecnologias permitam uma quase eliminação do erro humano, mas aí o futebol
perderá alguma da sua cor, do seu entusiasmo, do seu êxtase. Futebol sem
polémica e sem discussão não existe, de que falarão depois os adeptos à 2ª
Feira? da crise económica? Não! O futebol é um refúgio espectacular de todos os
outros assuntos que nos preocupam.
Daí que a pergunta que
dá nome à reflexão desta semana não tenha uma resposta inteiramente certa. Um
jogo de futebol pode ser eterno!
Por Dinis Gorjão