Parece que é desta que Mike Dean vai deixar a arbitragem. O polémico juiz inglês, de 53 anos, ainda apitou recentemente o jogo dos quartos-de-final da Taça de Inglaterra entre Southampton e Manchester City (1-4), mas no final desta época pode passar a desempenhar apenas funções como VAR da Premier League.
Este é o 22.º ano do árbitro na principal competição inglesa, onde realizou desde o ano 2000 mais de 500 jogos e mostrou um recorde de mais de 100 cartões vermelhos – 117 para sermos mais precisos. O juiz mais experiente da PGMOL, órgão que dirige a arbitragem inglesa, apitou esta época 19 jogos da Premier, exibindo 62 amarelos e 2 vermelhos. O último jogo foi o Brighton-Liverpool, a 12 de março, ganho pelos reds por 2-0.
Do aviário às ameaças de morte
Nascido em Wirral, a 2 de julho de 1968, Dean começou a trabalhar num aviário, onde contou que ajudou a matar… 140 mil galinhas num dia. “Começava na fábrica às 6 horas e fazia o meu turno até as 14 horas. Depois ia para casa buscar a minha mala e conduzia para onde fosse preciso arbitrar. E levantava-me de novo às 3 da manhã para ir trabalhar a seguir”, confessou.
O seu primeiro jogo na Premier League, no ano 2000, foi um Leicester-Southampton. Tornou-se árbitro FIFA em 2003 e apitou as finais da Taça de Inglaterra de 2008 entre Cardiff e Portsmouth e da Taça da Liga inglesa de 2011 entre Birmingham e Arsenal.
Numa entrevista que deu há dois anos, Mike Dean confessou ser adepto do Tranmere Rovers, da terceira divisão inglesa – há um vídeo no Youtube onde se revela um verdadeiro fanático – e reconheceu que também insulta… árbitros. “Já o fiz algumas vezes. Quando estou a assistir a um jogo, por vezes perco a cabeça”, disse.
O árbitro inglês deu ainda que falar em 2015, quando levantou os braços num golo do Tottenham frente ao Aston Villa, dando a ideia que estava a festejá-lo. Mas não passou de um mal entendido, garantiu: “Deixei jogar num lance em que havia falta. É a coisa errada a fazer, porque na área não há lei da vantagem. Não diria que estava a festejar um golo, mas a comemorar uma lei da vantagem. Foi das coisas mais bizarras que já fiz”, admitiu Dean, que falou ainda em José Mourinho. “Vem sempre ter comigo, independentemente do resultado. E diz aquilo que pensa sobre a minha atuação, seja boa ou má”, salientou.
Pior foram as ameaças de morte que ele e a família receberam no ano passado, através das redes sociais, depois de expulsar Bednarek, jogador do Southampton, no jogo com o Manchester United – a equipa de Bruno Fernandes esmagou depois o seu adversário por 9-0! – e ainda Tomas Soucek do West Ham frente ao Fulham. Decisões que acabaram por ser revertidas após queixa dos clubes. Na sequência das ameaças, Dean pediu escusa de apitar os jogos seguintes, repudiou o assédio e, à semelhança do órgão que regula a arbitragem inglesa, apresentou mesmo queixa na polícia.