Já pensou que as aptidões visuais são uma das principais ferramentas dos árbitros? É para essa questão que o investigador Henrique Nascimento nos remete, ao sublinhar a importância do treino visual nas equipas de arbitragem. “O árbitro tem de perceber o momento em que a bola sai do pé do jogador e a posição do outro jogador para assinalar fora-de-jogo. Aqui, a visão binocular e periférica são muito importantes. Bem como a velocidade de perceção, que pode influenciar a tomada de decisão. Se para os jogadores faz sentido o treino visual, para os árbitros ainda mais sentido faz”, realçou.
Facto é que o desenvolvimento da arbitragem tem sido acompanhado por uma evolução tecnológica, prova disso é a evolução do vídeo-árbitro (VAR) e da tecnologia de linha de golo. No entanto, ainda não despertaram a atenção para o treino das aptidões visuais. “Os árbitros fazem, e bem, avaliações cardiovasculares e musculares e depois a componente que é essencial para o trabalho deles, ninguém avalia, nem ninguém tem um critério de visão desportiva. Os árbitros não têm de ter uma visão a 100 por cento, mas sim a 150. Isso é meio caminho para não errarem”, atirou Henrique Nascimento.
A introdução do VAR no futebol tem sido um enorme sucesso, mas até nesse capítulo, o estudo e trabalho do investigador pode ser aplicado. “O VAR tem a possibilidade de parar a imagem, mas há um momento em que, em tempo real, tem de avisar o árbitro de que houve uma infração. É nesta fase que uma análise visual pode ajudar no melhoramento da visão binocular, perceção e visão das cores. Consecutivamente, este treino pode interferir com a tomada de decisão”, explicou o investigador, que até já foi contactado pela FPF com o “propósito de perceber de que modo é que podia ajudar a aumentar algumas capacidades visuais dos árbitros”.