A Fifa anunciou nesta quinta-feira que no Mundial do Qatar vai usar uma nova tecnologia para tornar mais eficientes e mais rápidas as decisões de fora-de-jogo, chamada de “fora-de-jogo semiautomático”. Os dirigentes da entidade esperam que os foras-de-jogo difíceis, que hoje levam em média 70 segundos para serem marcados, possam ser resolvidos em 20 ou 25 segundos.
Vai funcionar assim:
– As bolas usadas no Mundial serão dotadas de um sensor, instalado exatamente no centro da esfera, que vai permitir ao sistema saber com exatidão em que momento houve contato com o jogador que passa a bola;
– 12 câmeras posicionadas no estádio – conectadas ao mesmo sistema – vão rastrear a posição de cada jogador; e, mais do que isso, vão localizar com precisão 29 possíveis pontos de contato do corpo com a bola, 50 vezes por segundo;
– Sempre que houver um jogador impedido, e ele participar do lance (ao tocar a bola), uma luz vai acender na cabine do VAR. E haverá um operador dedicado exclusivamente para esse tipo de lance;
Esses lances serão checados pelo VAR, que então se comunicará com o árbitro de campo;
– Em vez das habituais linhas traçadas para marcar os impedimentos, a tecnologia vai gerar uma animação em 3D, que deve tornar mais fácil o trabalho dos árbitros (de vídeo e de campo) na hora de tomar uma decisão;
A mesma animação será exibida no telão dos estádios e nas transmissões de TV. A ideia é que o público tenha acesso à mesma imagem que foi usada pelos árbitros para decidir o lance;
– A animação não será exibida imediatamente após o lance. Como é provável que o jogo já tenha sido reiniciado, a animação provavelmente só vai aparecer no estádio (e nas telas de quem estiver assistindo) na seguinte interrupção do jogo;
– A nova tecnologia só será usada quando o jogador em impedimento tocar a bola; os impedimentos marcados por causa de interferência no campo do goleiro, por exemplo, continuarão a ser decisão do árbitro.
Veja o vídeo explicativo:
A Fifa testou a tecnologia em duas competições recentes – Copa Árabe, no final de 2021, e Mundial de Clubes, no início de 2022 – e também em laboratórios de universidades nos EUA, na Austrália e na Suíça. De acordo com o chefe do departamento de arbitragem da Fifa, Pierluigi Collina, a ferramenta está pronta para ser usada.
– É importante dizer que a decisão continua sendo dos árbitros. Os árbitros não serão substituídos por robôs. Ou então quem estaria aqui explicando isso a vocês seria um engenheiro, e não eu – disse Collina, que apitou a final da Copa do Mundo de 2002.
Em entrevista coletiva virtual, Collina foi perguntando se vinte anos atrás poderia imaginar tamanha influência da tecnologia da arbitragem, e se daqui a vinte anos a figura do árbitro será totalmente substituída por máquinas.
– Vinte anos atrás eu mal conseguia me comunicar com a minha família em casa. Agora estamos aqui, pessoas do mundo inteiro, conversando. É difícil prever o que pode acontecer. O que não vai mudar: o árbitro será sempre o responsável pela decisão final – respondeu.
Além de ter apresentado a tecnologia, o diretor de arbitragem da Fifa afirmou que a entidade trabalha para criar versões “mais acessíveis” do VAR, que dependam de menos câmeras, de maneira a popularizar a ferramenta e torná-la viável em campeonatos com menos estrutura financeira. Mas o ex-árbitro deixou claro que isso não vai se aplicar a esta tecnologia do impedimento.
– Temos que ajustar cada possibilidade. Mas aqui estamos falando da Copa do Mundo, que pode ter um número maior de câmeras, pode ter mais pessoas na cabine do VAR. Isso não é o normal em todas as competições.
A Fifa, que recentemente anunciou os árbitros que vão trabalhar na Copa do Mundo do Catar, pretende reuni-los duas semanas antes na sede do Mundial para treiná-los com a nova ferramenta. A competição irá de 21 de novembro a 18 de dezembro.
Nota: Texto escrito em português do Brasil