Artigo pertencente ao site GoalPoint bastante interessante que demonstra que os erros são cometidos por todos... Sim!! Não são apenas os árbitros que erram...
É incontornável. Após cada jornada marcada por casos de arbitragem o ruído aumenta. Apesar
de termos os “portões” do GoalPoint bem fechados (nunca comentamos
arbitragem, aqui, como dizemos sempre, só se fala mesmo de bola e do que
os artistas fazem com ela), existem sempre umas tentativas de nos
desviar do caminho.
Ainda não será desta que vamos fazer a vontade aos adeptos do “Apito United”,
pois o objectivo deste artigo não será, infelizmente para alguns,
alimentar a falácia da discussão sobre quem é mais prejudicado pelo
apito (que qualquer pessoa de bom-senso sabe ser qualquer emblema menos
Sporting, Benfica ou Porto) mas sim contribuir, mais uma vez com o
recurso às faculdades intelectuais que a natureza nos ofereceu de modo a
melhor entendermos o que realmente interessa no futebol que a todos nos
apaixona. Isto não invalida que ontem não tenhamos lançado esta “sondagem”, em jeito de experiência sociológica. Ou patológica. Depende da perspectiva.
Os árbitros erram. Erram muito. Certamente nem sempre de forma ingénua. Culpa de quem? Do futebol. Das
instituições, dos dirigentes e dos adeptos que, pouco exigentes, nunca
foram os primeiros a exigir, de forma organizada, a modernização da
tarefa dos homens do apito. Não tenho dúvidas de que o tradicionalismo
das regras do futebol e, em particular, da arbitragem, foi sempre útil a
um futebol que, como sabemos (FIFA), nunca foi um poço de virtudes no
seu epicentro de decisão.
Por cá a coisa dá um “jeitaço”. O árbitro é, há décadas, a melhor desculpa para (novamente) dirigentes, treinadores e adeptos. E
olha onde, Portugal, uma sociedade em que nos habituamos desde
pequeninos em encontrar nos outros a desculpa das nossas falhas, antes
mesmo de fazermos o nosso “exame” que, por vezes, nunca chega.
Talvez por isso também sejamos tão resistentes aos números. Os
números são uma chatice, não só porque muitos de nós não nascemos para
eles (eu à cabeça, sou um homem de “letras” cujos psicotécnicos sempre
deram “score” aceitável nas matemáticas mas que sempre fugi delas a sete
pés até ao dia em que me atirei a isto do GoalPoint) e também porque
muitas vezes nos dão um pontapé nas muletas às quais recorremos, em
particular nesta coisa irracional do futebol, por cá carregadíssima de
clubite galopante.
Exemplo? Efectuámos uma análise rápida após o término da (polémica, mais uma) 20ª jornada. Objectivo? Apurar quantos falhanços clamorosos, ofensivos e defensivos, somavam os três candidatos ao título até ao momento, uma análise que já havíamos feito na época passada. Eis os números:
Conclusões? Sporting,
Benfica e Porto já falharam 89 ocasiões flagrantes de golo até ao
momento, somando ainda oito “casas” defensivas graves, quatro delas
resultantes em golos adversários. Isto significa que seria
necessário os árbitros errarem praticamente cinco lances graves por
jornada contra os “grandes” para equipararem o dano que, todos somados,
cometem em causa própria.
“Ah, mas isso é diferente, faz parte do jogo”. Bullshit my friends, just plain bullshit. O árbitro faz parte do jogo também, e se não passa pela cabeça de nenhum adepto agredir um avançado da sua equipa num
centro comercial após falhar duas ou três ocasiões flagrantes à boca da
baliza (Aboubakar teria de se esconder em casa, já soma 16 lances deste
tipo), talvez fosse hora de termos muita vergonha de não só não sermos
capazes de apreciar o futebol como o fazem os outros povos em Ligas nas
quais os árbitros também erram (tanto ou mais), como de “encarneirarmos”
em comportamentos trogloditas, sempre instrumentalizados por quem
realmente beneficia da irracionalização dos adeptos.
Os erros de arbitragem chateiam? É
claro que chateiam, mas porque é que hão-de chatear mais do que as
falhas dos profissionais bem melhor pagos do que os homens do apito, com
clara influência nos resultados obtidos pelas nossas equipas
preferidas? Será que quando as novas tecnologias chegarem à arbitragem
(pelas quais convém lutar em contínuo e com acções concretas, não apenas
nos jogos em que nos convém) vamos dirigir a nossa fúria aos
“esbanjadores” das quatro linhas, também eles humanos (ou corruptíveis)?
Não
basta dizermos que, por exemplo, “a Liga inglesa é que é”. Convém
também lembrarmo-nos que, por lá, não se gasta a semana a discutir
apitos e a ameaçar e agredir árbitros. Por lá preferem mesmo… falar de
futebol.