Em 2017, num jogo da II Liga, um árbitro dirigiu-se a um atleta de forma mais ríspida usando alguns palavrões. Porque “falou de forma menos correta ou educada com um jogador” (atual artigo 198º do Regulamento Disciplinar de Competições da Liga) foi castigado com 3 jogos de suspensão. Tudo certo. O castigo mais duro, cruel e injusto que sofreu foi, no entanto, a forma como a sua educação e formação como homem foram publicamente e quase generalizadamente atacadas.
Imaginemos agora que um árbitro vinha falar publicamente, pondo em causa a seriedade e honestidade de um treinador ou atleta. Quantos jogos de castigo? E mais do que esse castigo… como reagiriam a comunicação social, clubes, comentadores, adeptos e associações de classe ou sindicatos dos visados? Arrisco dizer que teria pouco futuro no nosso futebol ou que, pelo menos, iria viver alguns meses muito difíceis.
Pôr em causa a integridade moral, honestidade, seriedade e o profissionalismo de outros profissionais do futebol sem sofrer castigos relevantes e sem que a sociedade se revolte está reservado a treinadores, dirigentes e jogadores. Aqueles que incorrem nesses comportamentos têm sempre desculpa de que o fizeram no calor do momento e em consequência de alguma provocação, como seja por exemplo um erro de arbitragem. Vai continuar a valer tudo? E vamos continuar a aceitar tudo?