Hoje escrevo, particularmente, para os que consideram que faço análises “corporativas” ao trabalho dos árbitros. Sou muitas vezes acusado de o fazer. Assim, abaixo, analiso os principais lances da 14ª jornada aplicando a fórmula que muitos dos comentadores, normalmente afectos a clubes, aplicam nas análises que fazem às “suas” equipas. Neste texto os árbitros são, descaradamente, a minha equipa.
Benfica – Estoril (João Pinheiro)
8’ Sálvio pisou a mão de Joel de forma involuntária no movimento de apoio para se equilibrar após disputa de bola. Não houve qualquer motivo para sanção disciplinar. Bem o árbitro.
18’ No segundo golo do Benfica ficaram dúvidas sobre a posição de Sálvio. As imagens televisivas fazem parecer que o jogador encarnado estava em linha com o penúltimo adversário e, por isso, em posição legal. A “regra” que diz que em caso de dúvida se deve beneficiar o ataque ajuda, ainda mais, a validar como boa a decisão da equipa de arbitragem.
44’ Fejsa tocou no pé de apoio de Boa Morte no interior da área do Benfica. O árbitro não viu mas, caso o Estoril não tivesse sido obtido golo alguns segundos depois, seguramente que o videoárbitro iria intervir, sugerir ao árbitro que visionasse o lance e, este, iria reverter a decisão assinalando pontapé de penálti. Fejsa não iria ver cartão amarelo porque quando um jogador comete uma falta que corta um ataque prometedor (seria este o único motivo para cartão) e é assinalado um pontapé de penálti, a sanção disciplinar deixa de acontecer.
Faz sentido explicar que, segundo o protocolo, o VAR não interveio porque não faz sentido anular um golo a uma equipa para lhe conceder um pontapé de penálti.
50’ Evangelista foi rasteirado por Jardel, no seu pé direito, poucos centímetros fora da área do Benfica. Bem o árbitro na difícil decisão de perceber que lance ocorreu fora da área, assinalando pontapé-livre directo sem qualquer sanção disciplinar.
86’ Luisão, apesar de tocar primeiro na bola, teve uma entrada negligente sobre Allano derrubando-o com algum perigo para a sua integridade física. Falta bem assinalada e correcta a exibição do amarelo.
87’ Na execução de um pontapé-livre, Kleber chutou à baliza de Moreira e a bola foi interceptada, na barreira, pelo abdómen de Luisão. Pediu-se penálti, mas foi correcta a leitura do lance pelo árbitro que assinalou canto.
90+1 Jardel pontapeou a perna de Kleber, de forma negligente e sem hipóteses de chegar à bola. Bem o árbitro ao assinalar falta, advertindo o central do Benfica por comportamento antidesportivo.
Boavista – Sporting (Luís Godinho)
24’ Coates, com poucas possibilidades de jogar a bola, derrubou Rochinha com um tacle deslizante cometido de forma negligente. Falta bem assinalada e correcta a amostragem de amarelo ao central do Sporting.
53’ Em lance na área do Sporting, Vitor Bruno caiu após contacto, normal e legal, com Fábio Coentrão. Correcta a decisão de deixar prosseguir o jogo.
65’ No golo do Boavista ficaram dúvidas relativamente às posição de Mateus. As imagens televisivas não conseguem esclarecer se o joelho de Mateus está em linha ou adiantado relativamente ao pé direito de Mathieu. Benefício da dúvida para a equipa de arbitragem.
92’ Sparagna tocou o pé esquerdo de Gelson, derrubando-o, em lance no qual o jogador do Sporting seguia em ataque muito perigoso para a baliza do Boavista. Falta bem assinalada e amarelo correctamente exibido a Sparagna.
Vitória – Porto (Tiago Martins)
25’ Vasco Fernandes entrou de sola sobre Marega acertando-lhe com os pitons no tornozelo. Falta perigosa que teve como atenuantes o facto de parecer não ter havido malícia e do jogador ter querido jogar a bola. Correcta a decisão de exibir amarelo.
43’Bonilha, quando tentava jogar a bola, deixou-se antecipar por Danilo e acabou por pisar de fora negligente o pé do médio portista. Falta bem sancionada com respetivo cartão amarelo.
45+1’ Aboubakar foi tocado no seu pé direito quando rodava sobre Vasco Fernandes. Penálti que não deixou qualquer dúvida. Bem Tiago Martins ao não advertir o defesa por este ter cometido a falta na tentativa de jogar a bola.
45+5’ Diogo Reys carregou João Teixeira derrubando-o à entrada da área do Porto numa situação de ataque prometedor da equipa do Vitória. Correcta a decisão de assinalar falta e exibir cartão amarelo.
74’ Marega cruzou para a área do Vitória e a bola bateu na zona do braço/ombro de César Martins. O central tinha o braço encostado tronco e em posição de protecção do corpo. Bem o árbitro ao nada assinalar.
A ideia foi fazer uma análise verdadeiramente corporativa das arbitragens. Naturalmente que acima faltou referir alguns lances. Sem nunca escrever algo em que não acredite, tive de me esquecer de mencionar algumas decisões por não as conseguir defender…
Não vou voltar a fazer análises destas. Mas, desta vez, posso ser justamente acusado de ter sido corporativista.