O
futebol é um desporto colectivo enraizado por todo o mundo que
historicamente teve o seu início em disputas saudáveis de jovens que
corriam atrás de uma bola feita de panos. Tudo começou no jogador,
centrado na sua personagem, objectivando uma atitude de equipa. Funções
como as de treinador, massagista, directores, árbitros foram surgindo
depois com o seu sagaz desenvolvimento, tendo em conta as necessidades
observadas. Hoje o futebol é muito mais que uma diversão de rua em tempo
de ócio e lazer, é um negócio a nível mundial, movimentando dinheiro,
interesses, comunicação social. Tem mediatismo e impacto ímpares.
Posto
isto para dizer que é perceptível que estando todos no mesmo "barco",
não hajam patamares diferentes em termos de importância. Ninguém é
intocável, inferior ou superior. O jogador é o artista da bola, o
treinador o estratega, o árbitro é a balança que simboliza a lei, as
regras e a justiça, o dirigente organiza, equipa médica assiste, e
existem outros técnicos de apoio. Há lugar para muita gente!
As
regras são fundamentais. Sem elas e sem os árbitros não existe futebol.
Ainda assim como é encarada a arte de arbitrar por quem está do outro
lado da barreira, nomeadamente pelos jogadores, técnicos e directores
dos Clubes em competição? Com desconfiança. Ninguém duvida do nível
teórico do árbitro, as pessoas sabem que os árbitros sabem as leis de
jogo, colocam é em causa a sua imparcialidade, o seu critério, a sua
decisão técnica, a sua personalidade.
Será
que os próprios árbitros, para além de se limitarem a cumprir os
regulamentos, no seu papel de zeladores, fazem uma autocrítica para
aferir dos motivos que originam essas atitudes? Por vezes, tentando não
falhar na aplicação das Leis de Jogo falhamos redondamente no nosso
papel de pedagogos, de gestores de emoções humanas. É essa a função do
árbitro. Nem sempre compreendendo o poder que nos é conferido por termos
um apito na boca, optamos erradamente por uma acção fria e distante, ao
invés da compreensão, mediação e do diálogo. O árbitro necessita de
entender o que se espera dele.O árbitro do futuro não tem sobre si uma
auréola de pseudo superioridade, sabe situar-se, impor o respeito, mas
dar-se também a ele. Os árbitros têm mudado, falta agora o mais moroso,
mudar a mentalidade de quem nos rodeia.
Dinis Gorjão