O fora-de-jogo é complicado, diz a FIFA, e pode ficar ainda mais com as novas regras


Beckenbauer e outros membros da Task Force 2014 querem tornar a regra mais simples. O ex-árbitro Pedro Henriques diz que pode ficar confuso.

No final de Outubro, o presidente da FIFA, Sepp Blatter disse que "Beckenbauer e a equipa formada por alguns dos maiores especialistas em futebol de todo o mundo têm uma importante tarefa nos próximos anos para assegurar que o futebol esteja no seu melhor momento no Mundial de 2014, e a arbitragem é certamente uma das áreas fundamentais". Estava criada a Task Force 2014.

Em 1990, uma equipa formada pelo mesmo organismo decidiu sobre o atraso da bola ao guarda-redes, agora esta vai decidir, entre outras coisas, acerca do futuro do fora-de-jogo.

Franz Beckenbauer quer mudar a actual lei, por a considerar "muito complicada". O ex-jogador do Bayern Munique, agora membro executivo do comité da FIFA, quer tornar a regra mais simples e o assunto irá a discussão na próxima semana.

"O fora-de-jogo tornou-se demasiado complicado. Não é um regresso à Idade da Pedra do futebol mas podemos voltar a uma interpretação mais simples. O árbitro pode, por exemplo, anular um golo quando o guarda-redes for claramente prejudicado pelo jogador em fora-de-jogo", afirmou o alemão ao Bild.

"A situação que temos neste momento de fora-de-jogo activo e passivo é demasiado complicada. Foi modificada várias vezes mas cada vez se tornou mais complicada", acrescentou.

Em 1925, o International Board alterou a regra do fora-de-jogo, passando a ser de dois e não de três, como na regra criada em 1866, o número de jogadores adversários colocados entre um jogador e a linha de golo oponente para que este fosse considerado como estando em jogo.

Depois surgiu o fora-de-jogo posicional, e é aqui que Beckenbauer quer mexer.

"Todos os jogadores de posição passarão a estar em fora-de-jogo? Tenho dúvidas, já que seria difícil para os assistentes e jogadores, habituados e rotinados a uma outra leitura. A ser assim, prejudicaria, mais uma vez, quem ataca e dá maior benefício a quem defende. E iria trazer confusão", analisou o ex-árbitro Pedro Henriques, mestre em Gestão da Formação Desportiva, com o tema O Treino da Tomada de Decisão do Árbitro de Futebol.

Ao PÚBLICO, o antigo juiz lembrou que há uma recomendação dada aos árbitros ("espera e vê") para quando o jogador recebe a bola e, com essa pausa, dar a certeza aos árbitros assistentes da posição do jogador.

"Têm de tomar parte activa no jogo, tocando na bola. O simples facto de o jogador correr não significa que é activo na jogada", conta Henriques, que é apologista de baixar a linha inicial do fora-de-jogo (colocada no meio-campo) para as duas grandes áreas.

Fonte: Público