Mark Halsey fez parte da elite de árbitros ingleses desde o arranque, em 2000/01, e pendurou o apito no final da época passada, aos 52 anos. Falou O JOGO sobre a profissionalização.
Embora considere baixo o salário, aplaude o passo que agora se dá em Portugal, explica as vantagens de ser juiz a tempo inteiro, mas avisa que a profissionalização não acabará com as polémicas
Como era a sua vida diária como profissional?
Treinava, via dados de jogos, ia ao ginásio. Como vivo em Bolton, treinava com o Bolton Wanderers e ia ao centro de treinos todos os dias. Era bom para ver como eles trabalhavam, como viviam, como comiam... Era acompanhado por um nutricionista, o que era muito importante.
Teve de mudar-se para ser árbitro profissional?
Não, já vivia em Bolton. Mas também não importa onde vivemos, porque apenas nos juntamos a cada duas semanas. No resto do tempo, treinamos com clubes. Eu treinava com o Bolton porque ao viver aqui estava automaticamente excluído dos jogos deles. Isso ajuda-nos a ter boas relações com jogadores e treinadores e conseguimos perceber como eles treinam e como eles pensam, algo que achei muito benéfico.
Fazia o mesmo treino que os jogadores?
Havia um treino físico, outras vezes apitava as peladinhas. E isso era muito bom, porque os futebolistas profissionais quando estão numa peladinha comportam-se exatamente como nos jogos: contestam todas as decisões dos árbitros.
Sente que se tornou um árbitro melhor quando passou a profissional?
Sim, bastante. Tornamo-nos atletas profissionais, bem preparados, somos como os jogadores. Depois, também viajamos como as equipas: não temos que trabalhar na véspera do jogo e seguir durante a noite. Fazemos um treino ligeiro à sexta de manhã [a maior parte dos jogos em Inglaterra são ao sábado] e podemos conduzir ou ir de avião com calma. Mas atenção: o profissionalismo não faz com que os árbitros deixem de cometer erros. Se em Portugal acham que os erros vão acabar, estão enganados.
Considera positiva a passagem dos árbitros para profissionais em Portugal?
Em países como Portugal ou Espanha o trabalho dos árbitros será sempre mais difícil do que em Inglaterra. A mentalidade aqui é diferente. Qual será o salário de um árbitro profissional aí?
Cerca de 2500 euros por mês.
Não é muito.
O salário mínimo em Portugal é de 485 euros...
Em Inglaterra os árbitros recebem 100 mil euros anuais de base, mais 540 euros por cada jogo e um bónus por performance no final da temporada. É bem pago e a maior parte dos árbitros está lá pelo dinheiro. Se encontrassem um emprego que lhes desse tanto dinheiro, deixariam a arbitragem.
Vocês também têm uma cláusula de confidencialidade, certo?
Sim, mas eu não a assinei e eles tiraram-me 60 mil euros. Foi o preço da minha saída.
Acha que os árbitros estão demasiado expostos às críticas e insultos dos adeptos?
Sim, estão. É muito importante que o 'general-manager' esteja lá para os apoiar e proteger. Em Inglaterra, isso não acontece. O Mike Riley não tem a mínima ideia de como falar com jogadores, com árbitros ou com homens. Ele tem de falar com os árbitros. Eu falei com ele umas cinco vezes em três anos. Nem quando eu regressei falou comigo. O importante é ter um bom 'treinador' de árbitros, um homem que seja bom a gerir o grupo de árbitros, que consiga falar olhos nos olhos, que os saiba abraçar ou puxar-lhes as orelhas quando for preciso. Funciona como com os jogadores: há alguns que precisam mais de abraços, outros que precisam mais de puxões de orelhas. É tudo sobre motivação e o treino certo para os árbitros.
Como era a sua vida diária como profissional?
Treinava, via dados de jogos, ia ao ginásio. Como vivo em Bolton, treinava com o Bolton Wanderers e ia ao centro de treinos todos os dias. Era bom para ver como eles trabalhavam, como viviam, como comiam... Era acompanhado por um nutricionista, o que era muito importante.
Teve de mudar-se para ser árbitro profissional?
Não, já vivia em Bolton. Mas também não importa onde vivemos, porque apenas nos juntamos a cada duas semanas. No resto do tempo, treinamos com clubes. Eu treinava com o Bolton porque ao viver aqui estava automaticamente excluído dos jogos deles. Isso ajuda-nos a ter boas relações com jogadores e treinadores e conseguimos perceber como eles treinam e como eles pensam, algo que achei muito benéfico.
Fazia o mesmo treino que os jogadores?
Havia um treino físico, outras vezes apitava as peladinhas. E isso era muito bom, porque os futebolistas profissionais quando estão numa peladinha comportam-se exatamente como nos jogos: contestam todas as decisões dos árbitros.
Sente que se tornou um árbitro melhor quando passou a profissional?
Sim, bastante. Tornamo-nos atletas profissionais, bem preparados, somos como os jogadores. Depois, também viajamos como as equipas: não temos que trabalhar na véspera do jogo e seguir durante a noite. Fazemos um treino ligeiro à sexta de manhã [a maior parte dos jogos em Inglaterra são ao sábado] e podemos conduzir ou ir de avião com calma. Mas atenção: o profissionalismo não faz com que os árbitros deixem de cometer erros. Se em Portugal acham que os erros vão acabar, estão enganados.
Considera positiva a passagem dos árbitros para profissionais em Portugal?
Em países como Portugal ou Espanha o trabalho dos árbitros será sempre mais difícil do que em Inglaterra. A mentalidade aqui é diferente. Qual será o salário de um árbitro profissional aí?
Cerca de 2500 euros por mês.
Não é muito.
O salário mínimo em Portugal é de 485 euros...
Em Inglaterra os árbitros recebem 100 mil euros anuais de base, mais 540 euros por cada jogo e um bónus por performance no final da temporada. É bem pago e a maior parte dos árbitros está lá pelo dinheiro. Se encontrassem um emprego que lhes desse tanto dinheiro, deixariam a arbitragem.
Vocês também têm uma cláusula de confidencialidade, certo?
Sim, mas eu não a assinei e eles tiraram-me 60 mil euros. Foi o preço da minha saída.
Acha que os árbitros estão demasiado expostos às críticas e insultos dos adeptos?
Sim, estão. É muito importante que o 'general-manager' esteja lá para os apoiar e proteger. Em Inglaterra, isso não acontece. O Mike Riley não tem a mínima ideia de como falar com jogadores, com árbitros ou com homens. Ele tem de falar com os árbitros. Eu falei com ele umas cinco vezes em três anos. Nem quando eu regressei falou comigo. O importante é ter um bom 'treinador' de árbitros, um homem que seja bom a gerir o grupo de árbitros, que consiga falar olhos nos olhos, que os saiba abraçar ou puxar-lhes as orelhas quando for preciso. Funciona como com os jogadores: há alguns que precisam mais de abraços, outros que precisam mais de puxões de orelhas. É tudo sobre motivação e o treino certo para os árbitros.
Fonte: O Jogo