No encerramento do Seminário da FIFA para árbitros candidatos a participar da Copa do Mundo da FIFABrasil 2014, realizado no Rio de Janeiro, um encontro de diferentes gerações da arbitragem nesta sexta-feira (31/5). De um lado, o chefe de Arbitragem da FIFA Massimo Busacca, que trabalhou nas Copas do Mundo da FIFA 2006 e 2010. Do outro, Arnaldo Cezar Coelho, primeiro sul-americano a apitar uma final de Copa do Mundo da FIFA, na Espanha 1982. O brasileiro, que também esteve no Mundial de 1978, na Argentina, chegou ao encontro acompanhado de uma convidada especial: a bola da final da Copa do Mundo da FIFA 1982, que guarda até hoje, autografada pelos jogadores italianos e alemães que disputaram a partida.
"É um grande prazer e uma honra ter Arnaldo Cezar Coelho aqui conosco no encerramento do nosso seminário. Ele demonstrou que ainda tem uma grande paixão pelo futebol e pela arbitragem, e isso é algo sobre o qual nós conversamos com os árbitros aqui. A Copa do Mundo da FIFA é uma oportunidade que deve ser aproveitada na sua totalidade. Dentro de campo, você deve se concentrar para realizar um grande trabalho. Depois, quando estiver de volta ao hotel, não deixe de aproveitar o torneio, a festa dos fãs, a cultura do país onde está", afirmou Massimo Busacca.
Arnaldo Cezar Coelho falou sobre as diferenças entre a arbitragem atual e a de sua época. Segundo ele, além da preparação física, as mudanças de regras e de tecnologia ocorridas desde então tornaram o trabalho dos árbitros muito mais desgastante.
"No meu tempo, um árbitro corria 6 km. Hoje, corre mais de 10 km. São várias bolas ao redor do campo, enquanto antes era apenas uma. Além disso, a mudança na regra no recuo com o pé para o goleiro e o limite de 6 segundos em que o goleiro pode ter a bola em mãos fizeram com que o tempo de bola em jogo aumentasse. O futebol, hoje, tornou-se muito mais dinâmico. Por tudo isso, o posicionamento do árbitro em campo é algo fundamental", disse Arnaldo.
Os árbitros participantes do seminário tiveram oportunidade de fazer perguntas ao brasileiro. Uma delas foi sobre o que mudou na carreira do árbitro após a final da Copa do Mundo da FIFA 1982. Arnaldo Cezar Coelho disse que sua responsabilidade ficou ainda maior.
"Quando voltei ao Brasil, eu me sentia como alguém que tinha ganho na loteria e não sabia o que fazer com o dinheiro. Apitar a final é um sonho que todos os árbitros que vão ao Mundial têm mas nem todos conseguem, apenas um. Eu ainda segui na carreira por mais sete anos e, a partir dali, não podia cometer um erro sequer, nem num arremesso lateral. Mas eu me preparei muito para estar numa Copa do Mundo da FIFA. Por isso, quando fui escalado para a final, tinha a convicção de que estava ali pelos meus méritos e de que teria uma grande atuação. Tenho apenas que agradecer pela oportunidade, pelo que o futebol e essa bola me deram", disse Arnaldo, mostrando a bola da final do Mundial 1982, posicionada na mesa ao seu lado.
Do outro lado da mesa e diante de uma plateia onde estava o árbitro que no ano que vem apitará a final da Copa do Mundo da FIFA, Massimo Busacca destacou a importância da semana de treinamentos durante o seminário no Rio de Janeiro. O suíço disse que os árbitros formam mais uma seleção entre as participantes da competição.
"Nós somos um mesmo time, somos como uma seleção. Por isso, nossa mensagem principal foi a busca por consistência e uniformidade. O futebol está mais veloz, muitos gols saem em contra-ataques, então os árbitros têm que ser capazes de acompanhar as jogadas, de estarem bem posicionados e de tomar as decisões corretas. É preciso ser forte não apenas fisicamente, mas também mentalmente. Este seminário foi muito importante para atingirmos isso. Tivemos um grande semana no Rio de Janeiro, com instalações e condições perfeitas para o trabalho dos árbitros e tenho apenas a agradecer a todos os envolvidos", completou Massimo Busacca.
Fonte: FIFA