“Árbitros atingiram o limite da paciência!”

Aviso é de Vítor Pereira, presidente do Conselho de Arbitragem, notando que "se perdem o prazer que têm de estar nesta atividade, vão-se embora".


Os homens do apito "estão no limite" e "a qualquer momento" podem recusar-se a apitar. O alerta é de Vítor Pereira, presidente do Conselho de Arbitragem (CA), que em declarações à Rádio TSF atesta que, se a situação presente de instabilidade no sector, não se alterar, os árbitros podem mostrar-se "indisponíveis, por motivos pessoais e familiares, para continuarem a sua atividade".

Vítor Pereira atesta que não sendo profissionais, "não fazem greve", mas sustenta que "se não têm condições, se perdem o prazer que têm de estar nesta atividade, não têm disponibilidade e vão-se embora".
"Os árbitros atingiram o limite da paciência e da tolerância relativamente a tantos ataques de forma inusitada e injusta e pondo em causa a vida das pessoas e das suas famílias", acrescenta. Vítor Pereira repara que com a divulgação dos dados dos árbitros na internet, "a situação degradou-se muito", lamentando as "ameaças" que os homens do apito têm sofrido no seu quotidiano.

Afiançando que "os árbitros convivem muito bem" com as críticas e reparando que "algumas delas até conferem algum fator pedagógico" e podem ajudar a "aprender com os erros", o presidente do CA constata que "o que incomoda é o que extravasa o fator desportivo da atividade e passa para a esfera pessoal". "O senhor está preparado para, quando sair à rua com o seu filho pela mão, ser ameaçado e ser ofendido?" Questiona Vítor Pereira, dirigindo-se ao jornalista que o entrevistava.
Numa mensagem aos adeptos, o líder do CA realça que "não há arbitragens infalíveis" e que "os árbitros falham como todas as outras pessoas". "Não podem querer que os árbitros sejam infalíveis e perfeitos, porque a perfeição não existe", salienta, concluindo que "não há atividades perfeitas e o futebol também não é um desporto perfeito".

Considerando que os dirigentes devem "combater" este ambiente adverso e de ameaça, contribuindo para "um clima de tranquilidade", Vítor Pereira lamenta ainda que "todo este clima de ódio, de violência, de intolerância à volta dos árbitros tem como repercussão imediata a desistência e a ausência de jovens árbitros". "Daqui a pouco não teremos árbitros para as nossas competições", constata, notando que é "muito difícil" encontrar "talentos e um grande lote de grandes árbitros".

Fonte: Relvado