
10 Questões a…
O
site de arbitragem RefereeTip.com e o site institucional da APAF -
Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol possuem uma parceria online
intitulada “10 Questões a…”.
Nesta
rubrica, comum aos dois websites, convidamos semanalmente uma
personalidade a responder a 10 questões relacionadas com a arbitragem.

Esta
semana abrimos o leque de entrevistados a outros agentes desportivos
que não estão ou estiveram directamente ligados à arbitragem.
Pedro Roma foi
guarda-redes profissional de futebol em Portugal nos últimos 20 anos.
Carismático capitão da Académica de Coimbra, abandonou os relvados a
época passada sendo actualmente o responsável pelos escalões de formação
da Académica.
No
seu percurso no futebol conviveu, naturalmente, com a evolução da nossa
arbitragem das últimas duas décadas, tendo inclusive, sido convidado
pela APAF a escrever alguns artigos de opinião sobre arbitragem no site
desta associação.
Nesta entrevista procurámos perceber como a arbitragem é vista através dos olhos de um jogador de futebol.
Pedro Roma
1 - Qual a tua opinião da arbitragem Portuguesa?
Em
termos gerais, julgo que a evolução tem sido notória, a preocupação em
corrigir e minimizar erros subjacentes aos jogos, abordando-os de forma
clara e inequívoca, coloca a arbitragem no rumo certo.
2 - Jogaste 20 anos como guarda-redes profissional. Que evolução notaste nos árbitros/arbitragem em Portugal nesse período?
Da
mesma forma que assistimos a uma evolução e preocupação no processo de
treino, na liderança, motivação, auto-confiança e maior
profissionalismo, tanto dos treinadores como dos próprios atletas,
assistimos nos últimos anos, ao nível da arbitragem, essa mesma
evolução. Como consequência lógica, temos cada vez mais árbitros
portugueses nos jogos das competições europeias (Fases Finais) e também
com presenças em campeonatos do Mundo e Europa.
3
- Actualmente estás ligado à formação de jovens jogadores. Existe
preocupação dos clubes e treinadores em formar os atletas também no que
respeita às Leis de Jogo e/ou Fair Play?
É
óbvio que existe essa preocupação. No entanto, e também ao nível da
Formação, quando existem objectivos de vitória e objectivos de conquista
de títulos, por vezes o respeito pelas leis jogo/Fair-Play, são
colocados em segundo plano.
4
- Achas que um profissional de uma modalidade, no caso os jogadores de
futebol, não deveriam também ter formação sobre as Leis de Jogo que
regem o seu desporto? Ou achas que a (in)formação que têm actualmente é
suficiente?
Tenho
que concordar que seria benéfico existirem momentos de formação, não só
para os jogadores mas também para os restantes agentes desportivos, no
que toca as leis de jogo. Já existe alguma preocupação para que isso
aconteça, com o desenvolvimento de algumas acções de sensibilização, no
entanto as estratégias ou ferramentas utilizadas, não tem sido as mais
eficazes. Apoiaria medidas nesse sentido.
5
- Discutem-se actualmente diversas sugestões de novas tecnologias de
apoio à arbitragem e existem também opiniões divergentes quanto à sua
aplicação e aplicabilidade. Na tua opinião, quais se poderiam
implementar para beneficiar o futebol sem o descaracterizar?
Muito
se tem discutido nesse sentido e algumas estratégias já foram testadas.
Apoiaria medidas que fossem no sentido de credibilizar mais o Futebol,
que protegesse também quem muitas vezes dirige (e decide) os jogos. Mas o
futebol sempre teve o lado caótico do jogo, o lado imprevisível, o lado
mágico e da genialidade, e ao retirarmos tudo isso poderemos estar a
desvirtuar aquilo que é positivo na modalidade.
6 - Se um jogador (Pedro Roma) pudesse alterar alguma coisa nas Leis de Jogo, o que seria?
Julgo
que as leis que se têm alterado, foram alteradas fruto da evolução do
jogo e da necessidade de lhe dar mais ritmo e espectacularidade, com
incidência também na protecção aos jogadores e à sua integridade. Não
existe nada em particular que sinta que seja urgente modificar.
7 - Já alguma vez experimentaste apitar um jogo? Conta-nos quais as maiores dificuldades.
Felizmente
já tive a experiência de apitar um jogo, fruto da ausência de árbitros,
em jogos de competição das quais a minha Escolinha faz parte. Nesse
sentido foi fácil devido ao escalão em que intervi, não existindo
pressão pela vitoria, mas sim um convívio saudável entre crianças.
8
- Quando ainda estavas em actividade como jogador, tiveste a
oportunidade de colaborar com a APAF escrevendo alguns artigos de
opinião sobre arbitragem. Essa experiência fez-te ver os árbitros e a
arbitragem com outros olhos? Influenciou de alguma forma o modo como
passaste a lidar com os árbitros ou eles contigo?
É
verdade. Foi muito gratificante ter colaborado com alguns artigos de
opinião. No entanto nada alterou a minha forma de pensar e de respeitar a
actividade dos árbitros. Sempre me esforcei por ter a maior correcção
para com os árbitros mesmo em momentos que sentia que, como jogador e
capitão de equipa, poderia ter alguma razão.
Sinto
que existem árbitros com mais capacidades e outros com menos, que não
erram de forma consciente, mas sim por incapacidade de análise
momentânea e/ou por pressão externa, resultado muitas vezes do grau de
importância dos jogos.
9 - Há algum árbitro ou árbitros com quem te tenhas cruzado na tua carreira e que te tenha marcado pela positiva? Porquê?
Vítor
Pereira. Por representar para mim uma nova vaga de árbitros, uma nova
mentalidade tanto na abordagem ao jogo como na forma de o dirigir.
10 - Que questão, relativa à arbitragem, nunca te colocaram mas à qual gostarias de responder?
Achas que há corrupção na arbitragem e favorecimento nas pontuações?
Julgo
que esse tipo de pensamento poderá estar sempre associado a esta
actividade, fruto de algum amadorismo, falta de ética dos outros agentes
desportivos e árbitros no passado, e da própria credibilização da
actividade.
Julgo
que esta nova vaga de dirigentes e árbitros e a mudança de mentalidades
no próprio fenómeno desportivo, obriga, a que exista também um novo
compromisso.
O RefereeTip agradece a disponibilidade demonstrada pelo Pedro em cooperar com esta rubrica semanal.